Foi um dia, e outro dia, e outro ainda.
Só isso: o céu azul, a sombra lisa,
o livro aberto.
E algumas palavras. Poucas,
ditas como por acaso.
Só isso: o céu azul, a sombra lisa,
o livro aberto.
E algumas palavras. Poucas,
ditas como por acaso.
Eram contudo palavras de amor.
Não propriamente ditas,
antes adivinhadas. Ou só pressentidas.
Como folhas verdes de passagem.
Um verde, digamos, brilhante,
de laranjeiras.
Não propriamente ditas,
antes adivinhadas. Ou só pressentidas.
Como folhas verdes de passagem.
Um verde, digamos, brilhante,
de laranjeiras.
Foi como se de repente chovesse:
as folhas, quero dizer, as palavras
brilharam. Não que fossem ditas,
mas eram de amor, embora só adivinhadas.
Por isso brilhavam. Como folhas
molhadas.
as folhas, quero dizer, as palavras
brilharam. Não que fossem ditas,
mas eram de amor, embora só adivinhadas.
Por isso brilhavam. Como folhas
molhadas.
Nem todas as coisas são apreensíveis ou dizíveis, a linguagem não chega a tanto. É dessa simultaneidade e desse limite que nos fala-nos o poema, isto é, as palavras não ditas mas adivinhadas, ou pressentidas, são a percepção intrínseca do amor ou da indizibilidade do seu ser. Na verdade, há espaços, tão íntimos e tão profundos, que ainda não foram tocados pelas palavras, são apenas ouvidas pela alma dos que se amam.
ResponderEliminarUm beijo de geometria disciplinada para ti meu amor.